domingo, 5 de abril de 2009

A vida no limite

Já chegou a conviver com pessoas sem regras, horários, compromissos e obrigações, que acham que a vida e os outros só existem para servi-los a qualquer custo e a seu bel prazer? Se não é o caso, pelo menos conhece gente assim, seja alguém da família, vizinho, companheiro de trabalho (ou ministério), irmãos da igreja. Enfim. E sabe muito bem como é difícil – se não, impossível – tolerar tais pessoas ou atitudes. Só há uma razão que parece justificar esse tipo de comportamento: falta de limites. Esses indivíduos não sabem dominar a si mesmos, as suas responsabilidades e circunstâncias que lhe cercam, e muitas vezes, para manter a aparência ou para esconder algo, resolvem agir por conta própria, só para demonstrar que estão com tudo sob controle. A proposta da presente matéria não é a de discutir outras questões que possam estar por trás dessa falta de limites, como a educação e influências recebidas, bem como a questão espiritual. Fica para outro momento. A intenção não é outra senão a de trazer à luz um assunto não muito debatido no meio evangélico, mas que tem acarretado uma infinidade de problemas: a falta de limites na vida. O que é são limites? O Dicionário Silveira Bueno da Língua Portuguesa define o limite como “fronteira”, “linha de demarcação”. Podemos então dizer que limites é tudo aquilo que demarca, restringe e informa até onde se pode ir. Henry Cloud e John Towsend são autores do livro Limites, quando dizer sim, quando dizer não; assumindo o controlo de sua vida (Editora Vida, 1999). Eles afirmam: “Os limites nos definem o que eu sou e o que são os outros. Um limite pode mostrar onde termino e onde alguém começa, dando-me uma idéia de posse.” Os limites podem ser físicos e não-físicos: Limites físicos: Esses são fáceis de percebê-los e até mesmo de respeitá-los, uma vez que a punição ou o dano costuma ser imediato. É fácil entendê-los quando vemos ao nosso derredor placas, faixas, paredes, cercas e avisos. Todos esses elementos definem até onde podemos ir ou chegar, e infringi-los podem ser algo penoso e muitas vezes mortal. A mensagem é clara: não ultrapasse. “Os limites físicos marcam a linha visível de uma propriedade que pertence a alguém” , afirmam Cloud e Towsend . Limites não-físicos: Embora não tão fáceis de serem percebidos, são tão reais quanto o primeiro. E o preço que se paga por não respeitá-los também costuma ser altíssimo. E justamente por não serem tão perceptíveis assim, são muitos os que os infringem e sofrem as conseqüências, porque acabam colhendo o que plantam. E é justamente aí que surgem os problemas, principalmente de relacionamento, sejam porque esses limites não são expostos ou porque não são respeitados quando expostos. O que há por trás dos limites? Uma vez que os limites definem o que somos e onde podemos ir, é bom sabermos o que está por trás deles. Cloud e Towsend tem a palavra sobre a questão: Sentimentos: Logo de cara eles afirmam; “Os sentimentos têm sofrido um forte golpe no mundo cristão. Já foram chamados de tudo, desde supérfluos até carnais.” Quando não há a compreensão de que todos temos sentimentos, e portanto precisam ser respeitados, os limites começam a ser infringidos. Porém, Cloud e Towsend afirmam: “...Seus sentimentos são sua responsabilidade e você deve assumi-los e entendê-los como problema seus, para que possa começar a buscar uma resposta pra o que eles estão dizendo.” Atitudes e crenças:> “Qem tem problemas com limites normalmente distorce suas atitudes e responsabilidades. Acha que ser responsável por seus sentimentos, escolhas e comportamentos é algo desprezível”, afirmam Cloud e Towsend. Comportamento: Limites e comportamentos andam de mãos dadas. Só quando se tem atitudes corretas que os limites começam a ficar claros. E quanto mais cedo se entende isso, melhor. Escolhas: “Estabelecer limites inevitavelmente implica em assumir responsabilidades pelas escolhas. É você quem decide.” É o que dizem Cloud e Towsend. Não há como definir limites se não estabelecer escolhas. Valores: Geralmente nossas escolhas refletem nosso valores, aquilo que pensamos a respeito da vida e das pessoas. É por isso que os limites definem quem somos. Restrições: A partir do momento que estabelecemos nossas escolhas a partir do que valorizamos, estamos criando restrições ao que é ou não permitido. Talentos: “Nossos talentos estão claramente dentro dos nosso limites e são de nossa responsabilidade”, opinam Jonh Towsend e Henry Cloud. Pensamentos: Se não expomos o que pensamos aos outros, dificilmente os outros respeitarão nossos limites. Por mais que se saiba sobre uma pessoa, não dá para saber o que se passa sobre a sua mente. E muitas vezes os limites não são respeitados porque não se sabe o que se quer ou pensa. Desejos: A partir do momento que definimos o que queremos, podemos impor limites a nós mesmos e aos outros, e partir em busca do que queremos. Amor: É praticamente impossível receber ou impor limites com satisfação se não há amor, carinho, reciprocidade. A grande maioria (pra não dizer todos) dos problemas com relação a limites surgem porque falta o amor. E é justamente na família que isso acontece. O que somos hoje decorre principalmente do amor ou da falta dele. A vida no limite Como deve ser a vida com limites? Vale a pena? É Bom? Traz resultados? Essas podem ser algumas indagações daqueles que ainda não conhecem a importância de se ter limites na vida, ou daqueles que simplesmente os ignoram e se ressentem de que os impõe. Há uma série de benefícios e vantagens decorridos de uma vida no controle. Dentre as muitas, podemos citar o domínio próprio, o respeito alheio e o controle sobre as escolhas e decisões. Aqueles que vivem no limite, sabem para onde estão indo e como estão indo. Aqueles que impõe e respeita os limites, não só são amados, mas são capazes também de amar. São disciplinados, organizados, e sempre colhem os frutos de seu penoso trabalho. Penoso porque não é fácil receber ou impor limites. Mas a recompensa é valiosa. Porque, afinal, limite e respeito todo mundo gosta. Inclusive Deus. E a melhor notícia: não estamos sós. Vivamos no limite. Marcelo Ferreira redacao@lagoinha.com Texto Original: Lagoinha.com

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