Depende da casa. A arquiteta Consuelo Jorge diz já ter visto até livros empilhados no chão. Mas alerta para o perigo de, em vez de despojamento, a idéia remeter à bagunça e à falta de organização. 'Acho mais viável apoiar uma tela num aparador, por exemplo', diz Consuelo. Outro exemplo é usar um quadro pequeno sobre livros na estante. 'Uma tela ou foto só devem ficar no chão, apoiados na parede, se forem muito grandes, assim como o ambiente em que estiverem.'
2. Ter tapetes e cortinas é uma obrigação?
'Não é uma obrigação, mas, sem dúvida, eles deixam os ambientes mais aconchegantes', diz o arquiteto Ricardo Caminada.
3. O tamanho do tapete deve ser proporcional ao quê?
Para os arquitetos Ricardo Miura e Carla Yasuda, o tapete deve ser proporcional ao ambiente, mas também deve ter uma relação com o mobiliário daquele espaço. Além disso, segundo a dupla, eles servem para definir ambientes. Por exemplo: numa sala com living, home theater e jantar espacialmente integrados, cada tapete fará parte de uma composição, tendo relação direta com os móveis.
4. É possível misturar estilos diferentes na decoração?
Desde que deixe clara a sua intenção, não há problema algum. O critério, nesse caso, é a falta de critério. Porém, o que determina a mistura é o bom senso e isso nem todos têm quando o assunto é decoração. Para não errar, a arquiteta Zize Zink sugere que seja dado apenas um toque em outro estilo (foto) ou que se destaque um móvel herdado, que conte uma história de família. A arquiteta Consuelo Jorge também aprova a mistura. 'Num living, se quiser dar umas pitadas de ousadia, criar contrastes, vale usar peças neutras, como sofás no tom cru, e uma mesa de centro de madeira antiga ou uma peça de antiquário. Numa sala de jantar, dá para colocar uma mesa de desenho mais reto com cadeiras no estilo Luís 15', diz Consuelo.
5. O que pode ser colocado na parede quando não se tem dinheiro para investir em obras de arte?
Prefira boas fotos ou gravuras. Os mais moderninhos podem apostar nos adesivos ou até numa composição formada por molduras trabalhadas vazias. Se preferir, tente emoldurar um tecido de estampa bonita. Outra possibilidade são os papéis de parede, mas, como a maioria é importada, pode sair caro. Apesar de todas essas sugestões, a arquiteta Consuelo Jorge ainda prefere as obras de arte e dá a dica: 'Procure artistas que estão começando ou os que imprimem seus desenhos originais'. Ela também indica o uso de espelhos, de cima a baixo numa parede, que ainda têm a vantagem de 'ampliar' o ambiente.
6. Existe alguma regra para que os itens básicos de uma sala combinem entre si?
Para Ricardo Caminada, a regra, mais uma vez, é o bom senso. 'Não acho necessário que tudo seja combinadinho, mas as coisas devem ter uma afinidade quanto à proporção, às cores e texturas e, principalmente, serem adequadas ao tamanho do espaço que vão ocupar. Antes de comprar aquele sofá gigante, que lhe parece tão confortável, veja se ele não é demais para a sua sala.
7. Sofá de couro falso é brega?
Podem-se colocar mantas nele para aquecê-lo? 'Infelizmente, a maioria dos sofás com esse revestimento é de gosto duvidoso, mas, talvez, se fossem executados por um tapeceiro, poderiam se livrar desse estigma', diz a arquiteta Naomi Abe. 'Não existe coisa feia, mas mal empregada', completa. Sobre a manta, Naomi acredita que quando se coloca uma de boa qualidade, ela sempre dará um toque de sofisticação. Para ficar bem colocada, estique a peça no encosto e prenda-a por baixo da almofada do assento.
8. Numa sala ambientada com futons, quais outros móveis compõem com eles?
Não há nada que impeça uma mistura em termos estéticos, de estilo, mas é preciso manter a proporção entre as peças. 'É importante pensar nas formas de uso e nas medidas dos móveis complementares. Se for futon como sofá, em geral mais baixo, as mesas de apoio e de centro, bancos ou pufes também deverão ser mais baixos', dizem Ricardo Miura e Carla Yasuda.
9. Todos os ambientes da casa devem seguir o mesmo estilo?
'Sou a favor de que a casa toda tenha uma unidade', afirma Consuelo Jorge. Não é obrigatório que todos os ambientes tenham o mesmo estilo, mas, segundo a arquiteta, 'devem ter uma linguagem única, da porta da social à de serviço. 'Não dá para pôr uma madeira no piso e outra madeira diferente em outro ambiente.' Dica: Não só a estética, mas o local onde ficará disposto também deve ser levado em conta na hora de escolher o sofá. Se for para uma sala de TV ou home theater, dê preferência aos mais moles, profundos e baixos, feitos para se jogar, deitar mesmo. Num living, melhor os mais firmes, altos e menos profundos para tornar o bate-papo mais confortável e facilitar o ato de se levantar e sentar.
REVESTIMENTOS E ACABAMENTOS
10. Quais são os melhores pisos para quem tem gatos e cachorros? 'Acredito que a primeira coisa a se pensar nessa situação é a facilidade de manutenção e limpeza. O ideal são materiais de pouca absorção, como pisos cerâmicos, com o mínimo de distanciamento no rejunte', afirma Ricardo Caminada. Segundo ele, pisos de madeira de demolição são ótimos (foto), assim como os com aplicação de sinteco de alta resistência, que não riscam com as patinhas dos animais. 'No caso de tapetes, sugiro os de náilon por serem fáceis de limpar e mancharem menos.'
11. A madeira das portas tem de combinar com a do piso e dos armários?
Ela pode combinar, mas não é regra, segundo os arquitetos Ricardo Miura e Carla Yasuda. Para eles, tudo depende da composição geral e da proposta. 'Em projeto recente, mantivemos as portas internas em branco, definimos armários com o corpo branco, colocamos piso de madeira e trocamos a porta principal por uma da mesma madeira. Acrescentamos painéis de correr no living de acesso à cozinha e ao hall íntimo, tudo compondo com a porta da entrada', contam.
12. Como acertar na cor do rejunte?
'O revestimento sempre deve se sobressair ao rejunte', ressalta o arquiteto Diego Revollo. Portanto, quanto mais invisível e imperceptível ele for, melhor. A regra é que a cor predominante do revestimento determine a do rejunte. 'No caso de pisos coloridos, o rejunte deve seguir o tom que predomina nas bordas, sendo levemente mais claro, pois, com o tempo, escurecerá.' Na dúvida, Diego sugere que se faça uma pequena amostra no local. Espere secar para checar se o tom obtido está correto.
13. Em casas integradas, pode haver variação de piso entre um ambiente e outro?
O piso é justamente um dos elementos que contribuem para a integração dos espaços. Diego Revollo diz que, sempre que possível, deve-se tentar manter o piso para reforçar a sensação de ambiente único. 'Às vezes, no entanto, uma cozinha não pode receber o mesmo piso de uma sala por este ser delicado ou desaconselhável para uma área úmida e de trabalho. Nesse caso, prefira um modelo mais decorativo e que atenda às necessidades', diz. E exemplifica: 'Pode-se integrar uma sala com piso de madeira a uma cozinha de ladrilhos hidráulicos usando-se, nesta, armários também de madeira'
14. Qual é a altura ideal para o rodapé?
Ele deve combinar com o piso, a parede ou os batentes? E quando o piso for de cimento queimado? Não existe uma altura certa para o rodapé. Diego Revollo diz que ele precisa ser pensado junto com os outros acabamentos, como piso, portas e guarnições, e sua altura varia conforme a proposta. Para um resultado sofisticado e limpo, Diego aposta em modelos altos semilaqueados de branco, combinando com as portas e guarnições no mesmo acabamento. 'A vantagem, neste caso, é que o rodapé pode disfarçar os pontos elétricos, pois todas as tomadas estarão na faixa lisa do rodapé', diz. Para um resultado informal, o arquiteto aconselha o rodapé de altura média da mesma madeira do piso e das portas, que, segundo ele, deixa o ambiente quente e aconchegante. 'Se a idéia for mais contemporânea, como um piso de cimento queimado, de limestone ou mármore, o ideal é abandonar o uso do rodapé e usar cantoneiras de metal embutidas na parede, criando uma sombra no arremate entre a parede e o piso', afirma. 'Além de ser um detalhe discreto, a sombra dá a sensação de as paredes estarem suspensas, descoladas do piso', completa. Dica importante: deve-se sempre padronizar um modelo de rodapé para toda a área social e íntima da casa.
15. Fica bom azulejar a cozinha inteira?
Para Ricardo Miura e Carla Yasuda, depende do projeto e do azulejo escolhido - como quase tudo em decoração. 'Mas pode ficar legal', dizem. 'Devemos atentar para a paginação, a cor do azulejo e o rejunte', completam. Por exemplo: paredes revestidas com azulejos brancos devem receber rejunte branco - como já comentado por Diego Revollo - para dar uniformidade e formar um fundo neutro para os demais elementos. Lembre-se, apenas, de sempre usar revestimento cerâmico atrás da pia e do fogão para proteger a parede de respingos de água e óleo.
16. Esquadrias de alumínio combinam com porta de madeira?
Sim. O importante, segundo Ricardo Miura e Carla Yasuda, é saber combinar materiais e cores. 'Muitos apartamentos são entregues com caixilhos de alumínio branco, não havendo nenhum problema em ter portas internas de madeira, até contrastando com as externas', garantem. Eles contam que, num imóvel novo que repaginaram, os caixilhos são brancos, assim como as portas internas, de madeira pintada. Porém, nada impediria o uso de portas no tom da madeira, desde que haja uma ligação delas com outro item da decoração, como o piso Dica: Tire partido do piso para dar a impressão de ambientes maiores, se necessário. Assim como acontece com as roupas listradas, tábuas compridas de madeira alongam o espaço. Desenhos mais trabalhados, como o parquet, não transmitem essa sensação. No caso de pisos frios, prefira peças maiores, com menos emendas.
Depende do projeto e do que se pretende. 'Há casos em que a escada foi feita para não ter nada embaixo, mesmo em construções menores, para dar amplitude ao ambiente ou valorizar um elemento arquitetônico', dizem Ricardo Miura e Carla Yasuda. Segundo a dupla, é possível compor armários discretos, fazendo a volumetria da escada por meio de portas com fecho-toque lisas ou com alguns nichos para vinhos. 'Uma opção mais a ver com a proposta de valorização do espaço seria fazer uma base de alvenaria para apoiar os equipamentos de áudio e vídeo ou um móvel baixo, usando a TV suspensa paralela à escada', sugerem.
18. Um colchão de molas pode ser transformado em sofá?
Para Naomi Abe, depende do caso. 'Se o ambiente for informal e jovem, pode-se colocar uma colcha estruturada com almofadas descontraídas e coloridas sobre ele, criando assim um espaço agradável e tirando a possível impressão de uma cama perdida na sala.' 19. Quais cores, cortina e tapetes usar para deixar a sala mais ampla?
Cores claras sempre dão sensação de amplitude. No caso de cortinas, Ricardo Caminada usa xales e pregas verticais quando a intenção é aumentar o pé-direito. Se a idéia for deixar a sala mais comprida, prefiro painéis, que dão uma impressão longilínea. 'Tapetes listrados também podem ajudar nessa sensação', garante.
20. É possível organizar um escritório na sala de um apartamento pequeno?
Segundo Diego Revollo, o ideal é concentrar tudo em uma parede. 'O desafio está em projetar uma única estante que agregue todas as funções: áreas para trabalhar, para abrigar a TV e demais equipamentos e espaço para livros e objetos' (foto), conta o arquiteto. 'Uma estante moderna e assimétrica, porém equilibrada, conseguirá unir diferentes alturas e divisões conforme o uso de cada trecho', completa.
21. De que forma guardar roupas em quartos pequenos sem ter de apelar para os roupeiros de seis portas de lojas populares?
'As lojas populares têm armários de seis portas ótimos, mas um desses nunca é feito para um quarto pequeno. Tente um de três portas, de preferência em tons neutros, como o branco, podendo até comprar um baratinho e pagar em muitas vezes', diz o designer de interiores Marcelo Rosenbaum.
22. Como acomodar filhos de idades diferentes (e até mesmo sexos diferentes) num mesmo quarto?
Não há muito o que pensar. O jeito é fazer um canto para cada um deles. O segredo, segundo a designer de interiores Neza Cesar, está em misturar os objetos em comum de forma alegre e bem-humorada. Dica: Cadeira costuma ser um item caro na decoração. Se a idéia for conter gastos, vale reaproveitar a que você tem. Assim como os sofás, elas também podem receber uma capa que as cubram por inteiro: do encosto aos pés, como um vestido. Prefira tecidos com estampas, de preferência grandes, porque as miúdas podem poluir o visual.
24. Como fazer o quarto ficar aconchegante mesmo se decorado com móveis populares? Para Marcelo Rosenbaum, os móveis são os que menos contam na hora de deixar o quarto ou qualquer outro ambiente aconchegante. 'Deixar gostoso depende muito mais do jeito como os móveis estão dispostos e dos objetos que a gente coloca', diz. 'Sempre penso como é a vida da pessoa que vai ocupar o espaço, tento entender o que ela gosta e monto o ambiente a partir disso. Quase sempre dá muito certo porque fica com a cara da pessoa, com ou sem móveis populares', ensina.
25. É errado usar TV na sala ou só se deve deixá-la nos quartos ou em alguma sala específica? Depende da vontade do morador, do estilo de vida a que ele se propõe e, muitas vezes, do espaço disponível, segundo Ricardo Miura e Carla Yasuda. Para eles, é cada vez mais comum tê-la numa sala onde tudo acontece, do bate-papo ao jantar, da TV à leitura, assim como deixá-la nos quartos. 'No caso de famílias, pensando em usos específicos, talvez seja necessária uma sala separada para o equipamento', dizem. Pode acontecer de os filhos e pais terem horários diferentes de usos ou de haver um cinéfilo que gostaria de ter uma qualidade superior de áudio e vídeo para ver seus filmes.
26. É brega usar fotos grandes do casal para decorar uma parede do quarto?
'Aí volta a questão do aconchegante. O quarto é do casal e se ele tem essa vontade, a foto pode ficar bacana porque tem a ver com a história dele', garante Marcelo Rosenbaum. De toda forma, deixe as fotos pessoais para as áreas íntimas da casa, como o corredor que leva aos quartos. Se forem muitas imagens, disponha-as na parede a partir de 40 cm do piso. Dica: Em Terapia do Apartamento (Editora Pensamento-Cultrix, 226 págs.), o designer de interiores norte-americano Maxwell Gillingham-Ryan ensina uma técnica para transformar sua casa em oito semanas. É uma espécie de auto-ajuda da decoração com dicas preciosas e quase nunca ligadas a gastos com compras. O livro deu origem ao blog apartmenttherapy.com e custa cerca de R$ 33.
CORES E ESTAMPAS
27. Como misturar estampas diferentes em um ambiente?
Uma boa regra é primeiro escolher o tecido estampado (floral, figurativo, geométrico), indicado para as almofadas. Só então decida as demais, que podem ser lisas ou com textura (para cortinas e sofás) e listrados para as outras almofadas, pufe ou poltrona. Listras, aliás, combinam com qualquer outra estampa. Neza Cesar dá outra dica: 'Use uma cor ou duas que se repitam nas diferentes estampas. Elas viram a ligação entre os desenhos'.
28. Se as paredes forem brancas, qual cor deve ser usada nas portas e batentes?
Para Neza Cesar, as portas e os batentes devem sempre ser brancos, mesmo que as paredes sejam coloridas. Se ainda assim quiser variar, opte pelos off-white, ou seja, os brancos tingidos. Para o acabamento, prefira as tintas acetinadas ou foscas. As brilhantes ressaltam imperfeições.
29. É possível pintar as portas de cores distintas em cada lado?
'É possível, mas eu quase nunca uso este recurso, só em casos muito especiais', diz Neza Cesar. Melhor evitar, porque a chance de o resultado ser esteticamente desastroso é grande.
30. Como combinar as cores do sofá, do tapete, da cortina e das almofadas?
Há certas composições de cores que remetem a estilos, como o indiano, o Provence e o chinês. Definir um gênero ajuda na montagem. Neza Cesar diz que sempre prefere usar tons neutros nas cortinas. 'O sofá pode ser de uma cor intensa e que cause presença', afirma. Como as almofadas são coadjuvantes, ela sugere que uma ou duas delas repitam a cor do sofá. 'As outras podem contrastar com elas ou formar um degradê.' Segundo a profissional, o tapete depende do gosto do morador: pode ser neutro ou impactante. Dica: Aos que têm medo ou desconfiança na hora de misturar cores completamente diferentes, vale visitar o site Colour Lovers (www.colourlovers.com). Lá, é oferecida uma infinidade de paletas com todo tipo de combinação de tons. Escolha a sua e divirta-se!
ORGANIZAÇÃO E DISPOSIÇÃO
31. Como conseguir aquelas estantes maravilhosas, mesclando objetos de arte com livros?
Onde colocar os livros que realmente são manuseados e estão com a aparência mais desgastada? Se o móvel tiver uma parte fechada, não tem nem o que pensar, deixe os livros mais velhinhos lá. Caso contrário, Consuelo Jorge sugere que eles sejam organizados em espaços no móvel, num nicho ou canto. 'Eles podem ficar deitados por ordem de tamanho com um objeto em cima', afirma. 'O importante é deixar os livros que realmente são usados à mão - ainda que velhinhos', diz a arquiteta.
32. Em quartos, fala-se muito de cabeceiras. Mas o que pode ser colocado na parede oposta a ela?
'Depende do tamanho do quarto e das necessidades de quem o usa', diz Ricardo Caminada. Segundo ele, pode ser um painel com TV, um sofá ou poltrona para leitura ou uma bancada para estudos.
33. O que fazer para decorar uma estante se não há livros suficientes para preencher as prateleiras?
Vale deixar alguma coleção à mostra, colocar DVDs, porta-retratos...? Naomi Abe acredita que os livros sejam quase fundamentais para que a estante fique linda, mas, ainda segundo ela, é possível ambientá-la com pouca coisa, colocando vasos de uma mesma cor, só objetos de uma coleção ou só porta-retratos - desde que tenham a mesma linguagem. 'O que não dá é prenchê-la com tudo o que temos sobrando em casa', desabafa.
34. Qual tipo de cortina usar quando a cama fica embaixo da janela? De uma maneira geral, quando a cabeceira é solta da parede, Ricardo Caminada sempre usa a cortina até o chão, independentemente do modelo (foto). Quando ela é fixa, a cortina vai até 15 cm abaixo do peitoril.
35. Como dispor os objetos de decoração?
O que fica melhor no aparador, na estante, na mesa de centro... Consuelo Jorge diz que tem de haver simetria e volumetria. Num aparador, por exemplo, sugere o uso de dois vasos de um mesmo lado, com uns 40 cm de altura, e, do outro, uma bandeja com garrafas de vidro, de alturas similares à dos vasos. Já na mesa de centro, indica peças baixas. 'Pode ser um vaso baixo com uma orquídea, uns livros de arte, duas caixinhas de couro ou madrepérola... Numa estante, Consuelo usa três vasos iguais de um lado, organiza livros conforme os tamanhos, dos maiores para os menores, deita uns e coloca objetos em cima. 'Tem que ter um pouco de bom senso. Olhe de longe, peça a opinião de outra pessoa... Vá testando até chegar lá.'
36. Se, numa sala de jantar, não há como o lustre ficar centralizado com a mesa, o que fazer?
'Uma luminária articulada, como a Tolomeu Decentrato (à venda na Dominici) é uma ótima escolha', diz Diego Revollo. A peça possui braço articulado para poder ajustar a posição do ponto de luz em relação ao centro da mesa. Há outros modelos no mercado que oferecem o mesmo recurso. 'Se a proposta for mais moderna, não vejo problema em ter um lustre totalmente assimétrico em relação à mesa. Ele pode estar exageradamente deslocado para um dos extremos, caso a mesa seja retangular, por exemplo', diz o arquiteto. E alerta: 'Seja cuidadoso na escolha do lustre e da mesa para que a solução reforce o caráter intencional da proposta'.
37. Como organizar quadros na parede?
A dica é de Naomi Abe. 'Para quem possui vários quadros, de diversos tamanhos e linguagens diferentes, o ideal é colocá-los no chão, à frente do espaço onde você gostaria de pendurá-los. Lá mesmo, no piso, faça a composição e os alinhamentos criando, assim, uma harmonia entre eles.' Lembrando que não precisam ter molduras iguais. A graça, o dinamismo, está em usar modelos de diferentes texturas em harmonia.
38. Qual é a altura ideal para se pendurar quadros?
'Não acredito em regras para quadros e, sim, no equilíbrio do conjunto', comenta Diego Revollo. Para ele, o quadro deve complementar o ambiente, levando em conta todas as interferências que já existem no local. Além disso, deve-se ter em mente qual a intenção e qual o resultado que se pretende. Ele pode ser a principal estrela e ponto focal de uma parede ou simplesmente contracenar com outras peças do mobiliário: pendurado próximo a outros elementos, apoiado no chão ou em aparadores. Mas Diego dá uma colher de chá: 'De maneira geral, os quadros ficam mais elegantes quando estão da linha dos olhos para baixo, mas, novamente, deve-se estar atento ao conjunto e aos elementos ao redor'.
39. As cortinas devem combinar com o quê?
Segundo Naomi Abe, se você não quer comprometimento com o mobiliário, prefira modelos de tecidos neutros, como o branco e o cru. 'Se quiser um ambiente personalizado, o ideal é, antes de tudo, até da escolha da cor da parede, fazer um composê de tecidos, combinando os dos sofás, das poltronas, almofadas e cortinas. Só assim terá um ambiente harmônico.'
40. Quais são as medidas ideais para a instalação de uma cortina?
Ricardo Caminada gosta das cortinas que seguem até o chão e dá uma dica: 'Avanço 15 cm nas laterais da janela'.
PLANTAS DENTRO DE CASA
41. Dá para ter plantas embaixo de escadas?
A resposta é sim, desde que a escolha das espécies obedeça a algumas regras, como indica o paisagista Roberto Riscala. 'O jardim não pode ultrapassar o limite da área da escada, portanto, evite plantas que cresçam lateral e verticalmente', afirma o paisagista. Se houver insolação, use zamioculca, asplênio, agave e alguns tipos de bromélia. Em áreas de sombra, prefira pacová, lírio-da-paz ou palmeira-ráfia.
42. Existem espécies fora de moda ou o que manda é o gosto do morador?
Samambaia pendurada é brega? Quando os produtores investem na criação de uma planta, ela inevitavelmente entra na moda. Mas isso não significa que as outras fiquem ultrapassadas. 'A regra para plantas é: se você gosta, compre', diz a paisagista Maringá Pilz. Há 30 anos, em sua primeira casa, ela criou uma cortina de samambaias com diferentes alturas ao longo da janela. A idéia continua atual.
43. Quais são as espécies ideais para se ter na sala?
A escolha é determinada pelos fatores insolação e espaço, como afirma a paisagista Jeane Calderan, da Calux Jardins. 'Se a sala tem boa insolação, use espécies escultóricas, como lança-de-são-jorge, pata-de-elefante, pândanos e bambu-mossô. Os filodendros babosa-de-pau, tracoá e guaimbê-da-folha-ondulada são indicados quando há espaço. Além deles, as palmáceas vão muito bem em ambientes internos. Algumas delas: ráfia, pleomele verde, zâmia, areca-bambu e vários tipos de camaedórea (camedórea-bambu, palmeira-metálica, palmeirinha-bambu e camedórea-elegante).'
44. Que tipo de planta pode ficar no banheiro?
Locais com muita umidade e pouca ventilação e insolação não oferecem condições para o cultivo de plantas. 'Uma rara exceção é o bálsamo, uma herbácea suculenta que vive nas regiões desérticas do México e, portanto, suporta condições extremas', diz a paisagista Ana Claudia e Costta Pinto. A planta é tida como curativa porque o sumo de suas folhas é cicatrizante.
45. Alguma erva ou tempero pode ficar na lavanderia e receber sol apenas pelo vidro da janela?
Nessas condições, a lavanderia vai funcionar como uma estufa, então, dobram-se os cuidados, como previne a paisagista Helena Justo: 'Eles precisam de quatro horas diárias de sol direto e regas diárias. Mas, em estufas, o ideal é borrifar água pelo menos duas vezes ao dia'. Dica: Cuidado ao misturar ervas e temperos no mesmo vaso. Espécies forrageiras (rasteiras), como hortelã, manjerona, tomilho, orégano e capuchinha, não podem dividir a mesma terra. Prefira plantá-las junto de espécies arbustivas (com caule), como alecrim, manjericão, sálvia, louro, capim-limão e cidreira.
PLANTAS FORA DE CASA
46.Quais plantas são venenosas para animais?
Entre as mais comuns em jardins estão comigo-ninguém-pode, costela-de-adão, espirradeira, azaléia, filodendro, bico-de-papagaio, trombeta-cheirosa, íris, tulipa e narciso. 'As plantas tóxicas causam vômito, diarréia, convulsões e salivação. O mais recomendado, em todos os casos, é levar o animal ao veterinário', diz a veterinária Adalgisa Mara de Souza.
47.Como usar pedriscos brancos sem que encardam com a chuva?
Basta criar uma contenção entre a terra e o pedrisco. A paisagista Sylvia Ferraz da Luz, da Topiária Paisagismo, acrescenta uma leve camada de areia e, sobre ela, uma manta de poliéster. 'Isso ainda evita que cresça mato entre o pedrisco', afirma.
48. Que tipo de vaso usar para cada planta?
Embora não exista regra, o importante é manter uma proporção agradável entre o vaso e a planta. A paisagista Mariana Abbud, sócia-proprietária da loja de vasos Linha Levve, sugere algumas combinações: vasos bojudos, de 50 x 50 cm, são bons para o desenvolvimento de plantas, como a licuala. Vasos compridos e estreitos, de 1 x 0,40 m, ficam bem com plantas baixas e volumosas, como pacová e filodendro. Vasos de boca estreita e esféricos exigem plantas de tronco único e forma escultórica, como bambu-mossô e dracena arbórea. Os pequenos, de 40 x 40 cm, combinam com plantas menores, como antúrios e lírios-da-paz. Floreiras criam visuais lineares e delimitam espaços. Funcionam como guarda-corpo com moréias e miniixoras. As bacias são utilizadas com plantas baixas, ervas e temperos e forrações. Na sala, ficam bem com plantas, como a pata-de-elefante, que tem tronco pequeno e escultórico.
49. Qual é a melhor maneira de conduzir trepadeiras?
Em pérgolas, arcos, treliças, cercas, paredes e muros, a condução vai depender do tipo de trepadeira. 'As que possuem gavinhas (sarmentosas), só precisam de um tronco, arco ou cerca para grudar, se enroscar e subir. As escandentes e de caules torcidos tipo cipó são conduzidas por amarrilhos (arame encapado, barbante, cordão de sisal, fio de náilon e cabo de aço) para não caírem com o peso. Há também as adventícias, que usam a raiz para se fixar à parede ou ao muro', afirma a paisagista Paula Galbi.
50. Como solucionar o paisagismo de calçadas?
A calçada ideal para o paisagista Gilberto Elkis pede uma circulação com largura mínima de 1,20 m, que pode ser revestida com mosaico português (foto), cimento modular, tijolo, arenito e fulget. O cálculo ainda prevê uma área permeável, portanto acrescente, no mínimo, mais 0,60 m para a grama. Árvores pouco invasivas, como o bambu-mossô reto (foto), podem ladear a fachada sem atrapalhar o passeio.
51. Como ter plantas em espaços pequenos?
Cobrir muros e paredes com trepadeiras, como hera ou unha-de-gato, aumenta a sensação de verde. Painéis verticais com orquídeas (meia-sombra), chifres-de-veado (sombra) e bromélias (sol) são outra idéia do paisagista Benedito Abbud. Sua lista ainda inclui canteiros ou vasos estreitos, de 40 a 50 cm de largura, junto a muros, e para os vãos e cantos, espécies de destaque, como frutíferas. 'Procure prolongar o mesmo piso para fora de casa. Pode ser com uma cerâmica que lembre tijolo, seixos soltos ou granilha de mármore', indica.
52. Tem solução o problema das plantas preguiçosas para florir? Quais são os tipos de adubo para cada finalidade?
Para estimular a floração, o engenheiro agrônomo Marcello Manzano Santero, da Dimy Produtos para Jardinagem, sugere o uso do adubo mineral NPK 4 14 8, que é uma boa fonte de fósforo e potássio. Após a floração, faça a manutenção da planta com o adubo mineral NPK 10 10 10, que incentiva o crescimento dos galhos e brotos. 'O ideal é misturar adubos minerais e orgânicos, como o húmus de minhoca, e usá-los a cada dois meses nas plantas', afirma Marcello.
53. Plantas tropicais podem ser misturadas com rosas?Topiarias valem com helicônia? Bromélias e rosas combinam? Quais são os 'casamentos' possíveis de se fazer com plantas?
'Tudo pode, desde que haja senso crítico e estético.' É o que afirma o paisagista Alex Hanazaki. Em seus projetos, a mistura obedece a regras de textura, forma, proporção e volumetria. 'Um maciço de viburno, seguido por estrelítzia, pode dar certo, desde que os dois sejam podados', diz. Outra dica para misturar é distanciar espécies muito diferentes. Mude a perspectiva para não haver conflito.
54. Há um jeito de esconder o ar- condicionado em varandas?
O ar-condicionado pode ser camuflado por um painel de plantas, como este (foto), sugerido pela paisagista Drica Diogo, da Pateo Paisagismo. A peça de 1,14 x 0,04 x 1 m, com abertura de 90º, tem molduras e quadros de ferro com xaxim, que abrigam ripsális, columéias, chifres-de-veado, bromélias e orquídeas. 'O painel facilita o acesso ao equipamento e a sua manutenção, além de ter valor acústico, porque reduz o barulho chato do aparelho', afirma Drica.
55. Como prever caminhos?
Áreas de circulação pedem passeios mais largos, com 1,50 m de largura. Tão importante quanto isso, a escolha de materiais antiderrapantes previne as indesejáveis escorregadinhas. O paisagista Alexandre Fang indica o uso de placas de arenito, miracema, granito rústico e tijolo. Para assentar os tijolos e materiais mais frágeis, vale a dica: 'Faça uma moldura com sarrafos de madeira ao redor da suposta pisada. Ela servirá de molde. Retire parte da terra e substitua por argamassa. Isso garantirá a firmeza da pisada', diz Alexandre. O espaço entre elas pode ser preenchido com vegetação rasteira, como grama-preta (para áreas de sombra) ou grama-esmeralda (para áreas de sol). Dica: A eficiência do adubo orgânico depende da sua proximidade à raiz. Nada de jogá-lo só sobre a terra, como o adubo mineral. É preciso incorporá-lo ao vaso, revolvendo toda a terra.