Residência paulistana construída dentro dos padrões dos lofts surgidos no SoHo, em Nova iorque, ganha toque final pelas mãos da arquiteta Fernanda Marques
TEXTO YARA GUERCHENZON >FOTOS DIVULGAÇÃOO pendente com estrutura de latão e pingentes de cristal dá o contraponto do elemento clássico no ambiente típico dos galpões industriais além do teto de concreto e conduítes aparentes, decoração marcada por móveis modernos, com cadeiras Saarinen, de fibra de vidro estofamento de ultrassuede, da Micasa, e o tom rústico da mesa de jantar de madeira de demolição com tampo de vidro, do acervo da moradora |
Abaixo, cinzeiros de murano dão toque de cor ao living que oscila entre tons de marfim e terra. Assim como a tela vermelha de Niura Bellavinha, apoiada sobre o aparador baixo com acabamento de laca. Nas outras imagens, detalhes da cozinha americana, com móveis da Kitchens laminados em padrão madeira. |
Dos galpões industriais abandonados na década de 50 no bairro nova-iorquino do SoHo e mais tarde transformados em ateliês de artistas que buscavam locais amplos e baratos para morar e trabalhar, surgiu o conceito residencial que agradou o público de espírito jovem mundo afora. Suas fachadas de tijolos vermelhos e interiores com instalações hidráulicas e elétricas aparentes e pé direito duplo ganharam reconhecimento como área residencial e, já nos anos 70, morar em um loft - ou depósito, do inglês - era sinônimo de um estilo de vida moderno.
Essa mesma concepção atravessou as décadas e ganhou novas versões, adaptadas inclusive para edifícios, com apartamentos com pé direito em torno de 5m e áreas integradas. É o caso de um prédio construído há dois anos no bairro do Itaim, em São Paulo, cujas unidades foram entregues com " janelões" amplos, paredes de tijolinhos, tubulações aparentes e teto no concreto, sem acabamento, remetendo diretamente aos lofts originais.
Uma de suas moradoras, uma empresária perfil jovem, contratou a arquiteta Fernanda Marques para desenvolver o design de interiores. E o seu pedido foi um só: criar uma decoração despojada e de acordo com as características do imóvel, para preservar o clima de galpão industrial. Para isso, os acabamentos foram todos mantidos. Mas os ambientes deveriam ser amplos e com poucos móveis, para favorecer a boa circulação.
Cosmopolita A moradora deste loft costuma passar boa parte do ano fora do País, em viagens a trabalho ou lazer. Da mesma forma, o projeto da arquiteta Fernanda Marques tem um estilo contemporâneo que poderia estar localizado em qualquer local do mundo. E um charmoso detalhe reforça essa característica: na entrada da cozinha americana, três relógios, da Benedixt, marcam a hora em diferentes países, onde a empresária mantém negócios e amigos.
O lavabo mantém a linguagem do loft com paredes revestidas em placas de vidro serigrafado e escultura de malha de inox com formato de ralos, de Luiz Hermano, que parece se duplicar com o espelho instalado até o teto. Acima, a suíte máster tem cama box apoiada no painel de madeira estofado em capitonê de ultrassuede. As luminárias Tolomeu, da La Lampe, são embutidas na cabeceira, para otimizar espaço nas mesas de apoio. Na varanda, piso de fulget com cadeiras de ar retrô, de estrutura de metal e trama de fios sintéticos, e cachepô de cruzetas com palmeira fênix. |
Com 140m2 de área útil, pé direito de 3,83m, duas suítes - uma da proprietária e a outra reservada para hóspedes -, lavabo e cozinha integrada à área social e terraço em "L" anexo ao living, Fernanda optou pela funcionalidade. Assim, a sala de estar tem também a função de home theater, já que abriga um telão embutido em uma caixa de aço inox presa à parede, no local onde está a tela da artista plástica Niura Belavinha, que por sua vez fica apoiada em um aparador baixo, com acabamento de laca branca, onde estão equipamentos de áudio e vídeo e uma bandeja de prata com garrafas e taças de cristal.
Para os móveis, mesa de centro de madeira de demolição que já pertencia à moradora, chaise dos anos 50 com estofamento de couro, do designer Bruno Mathson, e poltronas revestidas com linho rústico. Já o sofá, junto ao "janelão", se repete em módulos entremeados por mesas de apoio por toda a parede, até a porta de entrada. Feitos sob encomenda pela Micasa, são revestidos com ultrassuede e, dispostos dessa forma, desempenham a função de lounge, multiplicando o número de assentos para os convidados da moradora em dias de festa.
Para a sala de jantar, a mesa de madeira de demolição com tampo de vidro, que já pertencia ao acervo da moradora, foi colocada direto sobre o piso de tacos de peroba. É uma forma de manter livre a circulação no local, pois um tapete iria delimitar o espaço e, ao mesmo tempo, restringir seu uso. As cadeiras são Saarinen com braço, de fibra de vidro com estofamento de ultrassuede, da Micasa, mesmo modelo das banquetas giratórias que servem o balcão da cozinha. E o pendente, de latão com pingentes de cristal, garante um contraste bem-vindo, pelo desenho clássico, mas com uma linguagem rústica, devido ao material de sua estrutura.
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