terça-feira, 18 de agosto de 2009
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Santos, segundo a Bíblia
Aos santos em Cristo, paz seja convosco! “Aos santos e fiéis irmãos em Cristo que estão em Colossos: graças a vós, e paz da parte de Deus nosso pai.” (Colossenses 1.2). “Porque eu sou o Senhor que vos fiz subir da terra do Egito, para ser o vosso Deus, sereis, pois santos, porque eu sou santo.” (Levítico 11.45). “Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vos também santos em todo o vosso procedimento.” (1 Pedro 1.15). “E a vos revestir do novo homem, que segundo Deus foi criado em verdadeira justiça e santidade.” (Efésios 4.24). “Ora, amados, visto que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus.” (2 Coríntios 7.1). “Porque Deus não nos chamou para a imundícia, mas para a santificação.” (1 Tessalonicenses 4.7). Nosso objetivo neste artigo, é trazer uma fundamentação bíblica, ainda que de forma abreviada, para entendermos o que é santidade para que possamos vivenciar este atributo divino que se manifesta no ser humano redimido pelo Senhor Jesus Cristo.
Santidade aparece como uma forma de vida não apenas para agradar ao Senhor Deus, mas também para o beneficio do ser humano. É bom lembrar que santidade na Bíblia aparece de uma forma equilibrada e todas as vezes que há uma distorção do entendimento, ou um abuso, pessoas são vítimas do rigor e não do beneficio que ela nos traz, pois santidade sem misericórdia leva a injustiça e misericórdia sem santidade leva a uma vida devassa. Também faz parte da natureza daquele que nasceu em Cristo que foi salvo por Ele e é cidadão do Reino de Deus. Ser Santo biblicamente falando, não é uma virtude, mais sim um mandamento: “Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vos também santos em todo o vosso procedimento.” (1 Pedro 1.15). Isso tem a ver com chamado.
No Novo Testamento, o escrito original, em sua maior parte no grego, o vernáculo para santo é: hagios, que significa alguém primordialmente consagrado, ou seja, que anda com o sagrado, sendo assim, não faz referência a perfeição, mas sim ao aspecto prático de separação para a nossa vida.
Em cada área de nossa existência, precisamos aprender os aspectos de santidade. No Antigo Testamento, que foi escrito em hebraico e aramaico, a palavra para santidade é Qadowsh (Kadosh), que significa intrinsecamente ser um santuário. Daí a importância da palavra santidade. Portanto, tudo no contexto do Velho Testamento ligado a santo, ou santidade nos leva à lei como um ato de purificação, isto é, puro ou impuro. São traduzidos no hebraico como tumá e tahará, que se referem aos pontos espirituais e não físicos. Disse-se que as leis referentes a tumá e tahará pertencem à categoria dos mandamentos para os quais não se fornecem motivos; são supraracionais, “acima” da razão, além do que o próprio intelecto pode aprender. E é precisamente de tão alto nível espiritual que transcendem completamente a razão. A chassidut, explica que na essência a tumá (impureza espiritual) pode ser definida como a “ausência de kedushá”, santidade, Kedushá é chamada “vida”, “vitalidade”, ela é aquilo que está unida e emana da Fonte de toda a vida – o Criador.
Assim como o Antigo Testamento aponta desta forma para a lei quando abrange o aspecto de santidade, o Novo Testamento aponta para Cristo que é a vida (João 14.6). A santificação como já dissemos, trata do aspecto prático da vida cristã, as cartas dos apóstolos, geralmente são dirigidas aos santos (1 Pedro 1.15). Esses santos não são pessoas perfeitas, pois logo em seguida, há varias correções em suas vidas, isso nos da idéia de necessitarmos de uma “purificação”, de um acerto por meio do arrependimento em Cristo e de recebermos seu perdão e sermos lavados em nossas atitudes erradas pela Palavra de Deus por intermédio da ação do Espírito Santo (Tiago 1.18). Quando cremos que Jesus tomou nosso lugar e morreu, foi sepultado e ressurgiu, nos tornamos o que diz em 2 Coríntios 5.17. Não significa que não pecaremos mais, mas que quando pecamos temos que nos arrepender sinceramente. O poderoso sangue de Jesus derramado na cruz do calvário tem o poder de nos purificar (conforme a idéia de purificação do templo e do indivíduo no Antigo Testamento): “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; mas, se alguém pecar, temos um advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo.” (1 João 2.1). Isso nos da idéia de que devemos nos esforçar para não pecarmos, daí vem a palavra grega para santidade “hagiasmos” que significa purificação do hebraísmo “o purificado” (ler 1 João 1.5-10).
O importante é aprendermos a cada dia que, em cada área da nossa vida, precisamos de purificação, de arrependimento, perdão e aplicação do sangue do Senhor Jesus. E retornarmos à orientação da sua Palavra para aquela área da nossa vida.
Há muitos que procuram tratar santidade como perfeição, essa é uma idéia da teologia romana, no qual santos são canonizados depois de mortos por uma comissão e por uma relação de requisitos exigidos por uma comissão humana também. Mas, biblicamente, santidade é um atributo divino, não humano, não tem a ver com a vida depois da morte, mas com a vida presente no agir diário.
Santidade requer moderação, misericórdia, disciplina, sacrifício, responsabilidade e reconhecimento, entre outras coisas... Na prática, precisamos exercê-la reconhecendo nosso pecado buscando ajuda de Deus em Cristo para fugirmos dele. Santo que julga os outros não é santo, é convencido de si mesmo e não convertido ao Senhor Jesus. O que age em santidade busca que Cristo seja formado nos outros.
Santidade não é desculpa para julgamento. Também devemos nos lembrar que como Templos do Espírito Santo (nosso corpo) temos em nós aquele que é totalmente Santo, que não peca e não pode pecar, Jesus vivendo em nós por meio do Espírito Santo. O próprio fato de o Espírito Santo viver no que crê em Cristo, mostra que apesar de homem, pela obra que Jesus fez em sua vida, não apenas o tornou salvo, mas santo, ou seja, separado, ungido e consagrado para Deus, por isso ele deve fugir de tudo que é impuro e mau. Por isso, o maligno não pode nos tocar, pois somos de Deus.
Devemos nos precaver do espírito da religiosidade romana que contrasta ferozmente com um conceito bíblico. Não são costumes que nos fazem santos, mas sim decisões voltadas à vontade de Deus e a obra de Cristo na cruz. Santos buscam ser irrepreensíveis, mas não sendo, aceitam a correção. (Ef 1.4; Hb 12.5.)
“Na verdade, nenhuma correção parece no momento ser motivo de gozo, porém de tristeza; mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos que por ele têm sido exercitados.” (Hb 12.11).
A verdadeira santidade nos leva a gratidão a Deus, humildade, compaixão para com os outros, misericórdia e a verdadeira liberdade no Espírito.
Amados, há muito mais o que aprender sobre santidade, o importante é não desistir dela, não confundi-la, não fazer dela uma doutrina que exclui a quem Deus não excluiu. Santidade é um estilo de vida e não uma doutrina exterminadora, apesar de não ser também uma doutrina negociada, mas uma virtude que nos faz saber que somos separados por Deus em Cristo, para vivermos de uma maneira plena e vitoriosa sem precisar das artimanhas do mundo para sermos realmente felizes e vitoriosos. É uma graça do Criador manifesta pelo Salvador em nossas vidas. Que o Senhor nos abençoe para que possamos entender a santidade e vivê-la, pois esta também, em Cristo, é a nossa natureza. Lembrando que, sem santificação é impossível ver a Deus. “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor.” (Hb 12.14).