Outro dia fui ao supermercado e levei um susto: um corredor inteiro forrado de chocolate por todos os lados. Eu me senti andando em um verdadeiro “corredor polonês”, ameaçada por ovos de páscoa que estavam lá com o objetivo claro de impelir quem estava abastecendo a casa a escolher e a comprar pelo menos um tipo de chocolate.
Com tanto apelo ao consumo, os pais não resistem. Na páscoa, crianças e adolescentes ganham muito, mas muito chocolate. Há ovo que pesa até 5 kg! Se há oferta, é porque há comprador, não é verdade? E em meio a tanto chocolate, é bom lembrar que uma das funções dos pais é ajudar o filho a estabelecer um limite de saciedade já que, se depender só deles, esse limite pode ser alargado até provocar mal-estar.
Eu adoro colecionar ditados populares e um deles diz que criança é um “saco sem fundo”, lembram-se disso? Pois são mesmo. Quando começam a comer algo que gostam, não sabem a hora de parar. E esse tipo de comportamento deles não se restringe ao comer: refere-se a quase tudo da vida deles.
Não sabem identificar a hora de parar de brincar, de ficar na internet, de conversar ao telefone etc. Por isso, uma das funções importantes dos pais é dizer aos filhos “agora chega”. Se pensarmos bem, o “agora chega” dos pais começa logo que o filho nasce e precisa persistir até o final da adolescência. Só muda mesmo é o objeto do basta. Desde o mamar até o namorar, são os pais que precisam sinalizar ao filho a hora de interromper uma atividade. É assim que eles podem aprender a controlar a vontade que têm e não serem controlados por elas, é assim que exercitam a paciência para esperar, é assim que conseguem dirigir seu olhar para outros interesses.
Mas, é bom lembrar que o “agora chega” dos pais precisa ser responsável. De nada adianta dizer ao filho “agora chega de comer chocolate” e deixar a tentação ao seu alcance.
Escrito por Rosely Sayão