Assim como os pássaros precisam de um ninho, todo ser humano precisa de um lar. Por isso, o casamento se reveste de fundamental importância, suprindo necessidades afetivas e propiciando a condição para que a sexualidade seja vivida com responsabilidade e compromisso, de modo que os filhos sejam gerados e formados em um ambiente de amor e segurança. Algo que nos chama a atenção na experiência de Isaque e Rebeca é que eles não namoraram antes do casamento (Gn 24). Esse detalhe está diretamente ligado à cultura daquele povo naquela época, e não é nosso propósito copiar seus costumes. Alguém diria: “Isaque usava lamparina, mas nós temos lâmpadas elétricas”. Sem dúvida, eu também sou moderno e usufruo os benefícios da eletricidade, mas morrer eletrocutado já é modernidade demais. Vivemos em outra era e não vamos voltar ao passado. Entretanto, precisamos tomar cuidado com a nossa cultura, que se torna cada vez mais permissiva e destrutiva. É preciso encontrar um ponto de equilíbrio através da sabedoria que a palavra de Deus nos ensina.
RELAÇÕES MODERNAS
O namoro inventado pelo mundo ocidental tem seus aspectos positivos, permitindo que os pretendentes se conheçam e confirmem suas afinidades e propósitos. Entretanto, esse tipo de relacionamento também pode trazer uma série de transtornos. O namoro é uma relação muito mais flexível do que o casamento. Trata-se de um compromisso mais fraco, sem a regulamentação rígida das leis. Tais características facilitam a relação, mas podem também banalizá-la. Fato é que muitos namoros incluem o relacionamento sexual, ou seja, na prática, trazem alguns benefícios do casamento sem as respectivas responsabilidades. É como se, pelo fato de estarem namorando, as pessoas adquirissem direitos mútuos sobre seus corpos. Esse aspecto da cultura moderna oficializa a prática pecaminosa, fazendo com que muitos vivam numa espécie de prostituição gratuita.
“Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância e a mansidão” (1Tm 6.11).
O verdadeiro cristão deve tomar cuidado para que sua vida não seja destruída por uma situação desse tipo, que pode se tornar a brecha que o diabo procura para causar uma grande desolação. O que parece uma oportunidade pode ser uma cilada.
Os que entraram por esse caminho têm a opção de se casarem, regularizando seu estado diante de Deus e dos homens. Todavia, algumas pessoas não pretendem se comprometer, estando apenas à procura do seu próprio prazer imediato, em detrimento, talvez, de uma das partes, geralmente da mulher, que deseja constituir um lar. Situações assim podem culminar em gravidez indesejada, aborto, separação, mágoa, e dificuldades nos relacionamentos futuros.
O TEMPO
Isaque tinha 40 anos quando se uniu a Rebeca. Para ele era o tempo certo. É compreensível que as pessoas se casem em idade bem inferior à de Isaque, porque a expectativa de vida é bem menor hoje. Contudo, o que se observa não é tanto a realização de casamentos, mas pessoas namorando cada vez mais cedo, ainda no início da adolescência. Não posso nem pretendo definir regras e idades, mas apenas chamar a atenção para o bom senso, principalmente dos pais, que permitem que seus filhos sejam levados pela onda do mundo, sem que tenham idade suficiente para medirem as conseqüências de seus relacionamentos.
O cristão não deve namorar para se divertir, distrair ou para satisfazer seus instintos carnais. O namoro deve ter por objetivo o casamento, embora possa ser interrompido antes disso. Namoros levianos, sem propósito, fora do tempo, podem prejudicar toda a vida dos envolvidos. É como colher um fruto verde, que poderá não ser útil depois. Além da motivação dos desejos físicos e das paixões juvenis, parece que o jovem se vê diante da obrigação de namorar, porque seus amigos estão namorando. E, quando namora, parece que tem a obrigação de praticar o sexo. Alguns dizem até que se trata de uma prova de amor. É mentira do diabo. Quem ama espera.
“O amor é paciente, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal; não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” (1Co13.4-7).
O sexo cria vínculos, obrigações e expectativas, chegando a alterar o rumo da vida, seja pela gravidez, pelas doenças venéreas ou por um casamento sem a preparação adequada. Quando se permite o envolvimento físico indevido, o aspecto racional das decisões seguintes pode ficar comprometido. Depois que se coloca o barco na correnteza, torna-se difícil o seu controle.
“Prepara os teus trabalhos de fora, apronta bem o teu campo; e depois edifica a tua casa.” (Pv 24.27). Existe uma época propícia para a dedicação aos estudos e à formação profissional. O ideal é que isto aconteça, ou seja, bem adiantado, antes da constituição familiar. Um namoro com intimidade física, seguido de uma gravidez não programada e um casamento precoce, pode cancelar muitos planos ou dificultá-los consideravelmente.
De qualquer modo, cada pessoa é livre para tomar suas próprias decisões. Não será tão livre, porém, na hora de enfrentar as conseqüências. Cada um escolhe as sementes que deseja semear, mas, no dia da colheita, não poderá escolher os frutos. “Alegra-te, mancebo, na tua mocidade, e anime-se o teu coração nos dias da tua juventude, e anda pelos caminhos do teu coração, e pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas estas coisas Deus te trará a juízo.” (Ec 11.9).
::Por Anísio Renato de Andrade
Bacharel em Teologia www.geocities.com/anisiorenato