domingo, 28 de fevereiro de 2010

“Brincar é condição fundamental para ser sério” - Arquimedes

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Querer ser pai e mãe tem que ser um desejo genuíno, não dá para tomar essa decisão baseado na opinião de parentes ou amigos.
Criança é um ser em crescimento, é maravilhoso vê-la se desenvolver, mas dá trabalho sim, e como! A dedicação tem que ser intensa, principalmente nos primeiros anos de vida. Depois essa dedicação continua e se transforma em preocupação com o desempenho escolar, talvez desespero na adolescência, alegria ou tristeza no vestibular e assim por toda a vida. Somos fãs de nossos filhos e por isso mesmo, nos alegramos em vários momentos e sofremos em tantos outros.
Mas como criá-los bem? Eles nascem sem bula e sem manual de instrução. Com criança pequena é preciso estar disponível, não só em termos de tempo, mas disponível internamente, pois elas demandam informação e orientação constantes! Perguntam o tempo todo, são curiosas, cheias de energia e ainda sem noção do perigo. É mandatário que pai e mãe tenham uma linha parecida de educação de seus filhos para não haver dupla ordem, ou seja, a mãe deixa e o pai proíbe, a mãe aceita e o pai discorda.
É preciso dar limites e, por mais angustiante que seja, tem que saber dizer não! O limite traz segurança para a criança e delimita um pouco esse mundo imenso em que ela vive. O não dos pais também é importante, embora seja difícil sustentá-lo e agüentar os berros e a choradeira, mas isso mostra à criança que os pais sabem o que é melhor para ela e, conseqüentemente, irão protegê-la de supostos perigos.
A criança faz parte da família, mas não deve ser a dona da casa. Vejo famílias que modificam todos os hábitos de vida em função do que a criança quer. Não é assim que educamos bem! Há programas em que a criança participa e há outros que devem ser feitos somente pelo casal, já que esse casal ainda existe como homem e mulher e precisam ter um pequeno espaço, que seja.
Outro problema que constato é o número de atividades que crianças de 5 ou 6 anos já possuem. Muitos chegam a ter atividades extracurriculares diárias: ballet, natação, inglês, espanhol, música. Tentem dosar essas atividades para sobrar tempo para o contato com a família. Além disso, deixem tempo livre para essa criança brincar, criar, imaginar! Isso é condição fundamental para um bom desenvolvimento emocional, cognitivo e comportamental.


Escrito por Dra. Luciana Campaner 22-Dez-2008

Luciana Campaner é psicóloga clínica e Mestre em Neurociências pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP).


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